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ORIGEM

PNBE: Cidadania, Desenvolvimento e Justiça Social

33 anos de luta

 

Em 1987, um grupo de jovens líderes empresariais paulistas decidiu criar um movimento que exprimisse os anseios das bases da iniciativa privada no Brasil moderno que começava a se delinear:

  • aprofundamento da democracia em todas as instâncias do país;

  • economia de mercado, combatendo abusos de poder econômico;

  • melhor distribuição da renda;

  • exercício da cidadania;

  • opção pela negociação como sendo o melhor processo para a resolução dos conflitos;

  • aceitação da diversidade como elemento enriquecedor dos processos;

  • defesa do patrimônio material e humano do país.

 

Esses jovens estavam unidos pela firme vontade de participar da democracia que se instalara dois anos antes, com o fim do regime militar. E compartilhavam da convicção de que as lideranças das entidades empresariais haviam perdido representatividade, por não democratizar internamente suas associações e manter uma postura estreita e corporativista, em contraposição à desejada atuação comprometida com as grandes questões econômicas e sociais.

 

Na época, o plano Cruzado havia fracassado no propósito de derrubar a inflação. O ministro da Fazenda, Dilson Funaro, tinha sido substituído pelo economista Luiz Carlos Bresser Pereira, que lançara o plano Bresser. Rapidamente, aqueles jovens empresários convidaram o empresariado para uma audiência pública com o ministro no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo. O evento marcaria o lançamento do PNBE.

 

Para surpresa dos organizadores, compareceram três mil empresários que, de forma organizada, puderam questionar o ministro diretamente sobre o novo plano econômico. O exercício democrático da sabatina pública era algo completamente inédito nos meios empresariais, acostumados às conversas fechadas em gabinetes ministeriais, que nunca chegavam às bases.

 

Nascia assim o PNBE, iniciando uma trajetória de lutas que está completando 33 anos em 2020. Entres outros, participaram da fundação os empresários Oded Grajew, Emerson Kapaz, Salo Seibel, Joseph Couri, Paulo Butori, Adauto Ponte, Eduardo Capobianco e outras lideranças da indústria paulista.

Rumo ao pacto nacional

 

Durante os primeiros três anos, o PNBE era um movimento informal. Os fundadores reuniam-se alternadamente nas sedes de associações da indústria de brinquedos, fundição e outras. Entre eles, firmou-se a convicção de que o empresariado moderno deveria derrubar um dogma de décadas e articular-se com as lideranças emergentes dos trabalhadores na identificação de causas comuns, como a luta contra a inflação.

Foi assim que o PNBE organizou uma missão formada por lideranças empresariais e sindicais, que viajou a Israel com o intuito de conhecer o plano que debelou a inflação naquele país. Dela participaram os fundadores do PNBE e as lideranças da CUT e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (que mais tarde fundariam a Força Sindical). Em Israel, os integrantes da missão se entrevistaram com os principais integrantes da equipe econômica e com o então primeiro-ministro Shimon Peres.

 

No ano seguinte, missão semelhante organizada pelo PNBE viajou aos Estados Unidos, para conhecer como aquele país equacionou o problema da dívida interna.

 

Em 1989, com a proximidade das eleições presidenciais, o PNBE promoveu audiências públicas com os candidatos, entre os quais, aqueles que chegariam ao segundo turno: Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Mello. O movimento havia se tornado conhecido graças à ousadia, propostas e combatividade.

 

O PNBE se institucionaliza em 1990. Redige estatutos e ideário. E se abre à filiação de novos associados. Ingressam lideranças como Helio Mattar e Sergio Mindlin. Realizam-se as primeiras eleições internas, dentro da norma de que o PNBE não terá um presidente, mas um colegiado de 20 coordenadores para liderá-lo de acordo com as determinações das bases.

 

Estabelece-se que os coordenadores terão mandatos de dois anos, e escolherão um 1º e um 2º coordenadores-gerais, com mandatos de seis meses, renováveis por no máximo dois mandatos consecutivos. São eleitos, Oded Grajew para 1º coordenador-geral e Emerson Kapaz para 2º coordenador-geral.

 

Estruturado e funcionando na primeira sede, à rua Zaíra, no bairro do Sumaré, o PNBE procura articular um Pacto Nacional entre as principais lideranças dos trabalhadores. Consegue interessar o governo, que envolve nas negociações os ministros Antonio Kandir, Jarbas Passarinho, Ibrahim Abi Akcel e Zélia Cardoso de Mello. Articula as principais entidades empresariais do país – CNI (indústria), CNA (agricultura), CNC (comércio), Febraban (bancos), e CNT (transportes), que pela primeira vez subscrevem um documento conjunto, com compromissos para um pacto nacional de controle da inflação e retomada do desenvolvimento.

 

Entretanto, o governo Collor demonstra que não pretende efetivamente negociar o acordo proposto. Os trabalhadores da CUT e o PNBE retiram-se das reuniões e o fórum do Pacto Nacional é extinto. Por iniciativa do PNBE, no ano seguinte organiza-se um fórum com lideranças dos principais interlocutores do Pacto Nacional no Instituto de Estudos Avançados da USP, para identificar posições comuns em relação às reformas estruturais que o país começaria a fazer somente anos depois.

 

Em meados de 1992, revoltado com a corrupção no governo, o PNBE é a primeira entidade empresarial a entrar no movimento em favor do impeachment de Fernando Collor. O então 1º coordenador-geral, Sergio Mindlin, discursou para 50 mil manifestantes no Vale do Anhangabaú, no comício organizado pela sociedade civil, que antecedeu o afastamento do presidente.

 

Nos anos que se seguiram, o PNBE empreendeu inúmeras ações em favor das reformas política e tributária, ética e transparência, buscando a eficiência da máquina pública. Continuou sabatinando ministros e candidatos às eleições em todos os níveis.

Participou da implementação do Real, denunciando ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) setores oligopolizados que aumentavam injustificadamente os preços. Conseguiu suspender judicialmente a licitação da prefeitura de São Paulo que tentou entregar a um monopólio o serviço de controle de poluição veicular. Hoje continua manifestando-se seguidamente em relação aos principais temas nacionais, sempre na defesa da cidadania, da democracia plena e de um país socialmente justo, economicamente forte, ambientalmente sustentável, democraticamente estável e inclusivo, e eticamente respeitável.

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